segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Advogado de vítimas diz que há arguidos por julgar


por SÓNIA SIMÕES

Em entrevista ao DN, o advogado Miguel Matias afirma que cúpulas dos órgãos de investigação fizeram com que suspeitos do processo Casa Pia não fossem a julgamento.
O desmentido de algumas testemunhas da Casa Pia pode inverter o processo?
Neste momento há dois processos Casa Pia. O processo foi separado na decorrência de uma nulidade. Não entendo que estes desmentidos possam vir a influenciar, porque só após o trânsito em julgado é possível, através de um recurso extraordinário de revisão, suscitar uma alteração que possa levar a absolvição - e se existirem provas novas e cabais. É preciso ver que estas vítimas são pessoas muito frágeis e é fácil dar-lhes a volta. Quer uma das vítimas quer o arguido Carlos Silvino disseram uma coisa na entrevista e outra em tribunal. Isto contrariou muito a sua postura ao longo do julgamento, de afirmação, de explicar como foi.
Falou com a vítima Ilídio Marques depois do desmentido em tribunal?
Não posso, não devo nem quero. Deixei de ser advogado dele no momento em que concedeu as entrevistas. Tentei falar com ele para o informar dessa circunstância, não consegui, e renunciei ao mandato.
Pelo menos uma vítima assumiu receber dinheiro para desmentir...
Assistentes no processo, só o Ilídio Marques é que desmentiu. Houve mais duas testemunhas, que não são assistentes (porque o tempo impediu a sua constituição como tal) que, mais tarde, vieram desmentir o desmentido. Não sei se receberam dinheiro, mas segundo dizem ter-lhes-á sido proposto dinheiro em contrapartida do desmentido, que resultaria da venda das entrevistas a um órgão de comunicação social. O valor seria repartido entre jornalista e vítimas.
Diário de Notícias, 25-02-2013

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