quarta-feira, 17 de abril de 2013

Ataque em Boston "parece-se mais com Atlanta ou Oklahoma"

Antigo perito da comissão de inquérito aos atentados do 11 de Setembro sublinha que são apenas "especulações", mas nota semelhanças, principalmente com o ataque perpetrado por Eric Robert Rudolph nos Jogos Olímpicos de 1996.
A bomba que explodiu em Atlanta fez dois mortos e 111 feridos
Os norte-americanos continuam à procura de respostas para o que aconteceu na segunda-feira em Boston. As perguntas que são feitas com mais frequência nas televisões, nos jornais, nas redes sociais, resumem-se a duas palavras: "quem” e “porquê". As mesmas perguntas que foram feitas há quase 17 anos, quando uma bomba explodiu durante os Jogos Olímpicos de Atlanta. Dessa vez, o rosto e o motivo estavam bem dentro da América.
Os Jogos Olímpicos de Atlanta entravam na última semana e os eventos que decorriam fora do estádio ajudavam a reunir o maior número de visitantes possível em locais como o parque Centennial, construído de propósito para receber o maior evento desportivo do mundo. Na noite de 26 para 27 de Julho de 1996, milhares de pessoas assistiam a um concerto de uma banda de rock, que acabaria por ser tragicamente interrompido pela explosão de uma bomba artesanal colocada debaixo de um banco. Duas pessoas morreram – uma devido aos ferimentos provocados pelos estilhaços e outra de ataque cardíaco – e 111 ficaram feridas.
Tal como as bombas usadas no ataque em Boston, também o engenho preparado para deflagrar em Atlanta era de fabrico artesanal, e estava rodeada de pregos.
Depois de uma longa investigação, as autoridades acabariam por deter Eric Robert Rudolph, um jovem norte-americano (tinha 29 anos quando colocou a bomba em Atlanta), que agiu motivado pelo ódio aos defensores do aborto e dos direitos dos homossexuais.
Rudolph só seria detido sete anos depois, em 2003, e ouviu a sentença em 2005: cinco penas de prisão perpétua, sem possibilidade de liberdade condicional. Para além do ataque nos Jogos de Atlanta, Rudolph foi responsável por três outros ataques à bomba. Em 1997, fez explodir engenhos numa clínica de aborto e num bar de lésbicas, também em Atlanta. Um ano depois, o alvo foi outra clínica de aborto, em Birmingham, no estado do Alabama. Ao todo, os ataques provocaram quatro mortos e 117 feridos.
Eric Robert Rudolph deu-se como culpado – como parte de um acordo para evitar a pena de morte –, mas a sua declaração de culpa, divulgada em Abril de 2005, não passa de uma defesa cerrada dos seus actos.
"Apesar de a concepção e o objectivo do chamado movimento olímpico ser a promoção dos valores do socialismo global, como fica perfeitamente expresso na canção 'Imagine', de John Lennon, que foi o tema dos Jogos de 1996 – apesar de o propósito dos Jogos Olímpicos ser a promoção destes ideais desprezíveis, o objectivo do ataque de 27 de Julho era confundir, enfurecer e embaraçar o Governo de Washington perante o mundo, pela sua aprovação abominável do aborto a pedido", escreveu Rudolph.
Quase 17 anos depois, há quem encontre semelhanças entre o ataque em Boston e o ataque em Atlanta. Richard Ben-Veniste, antigo perito da comissão que investigou os ataques de 11 de Setembro de 2001, sublinha que são apenas "especulações", mas não deixa de notar as parecenças: "Com base no que tem sido tornado público, e alertando que estou apenas a especular, isto parece-se mais com os ataques nos Jogos Olímpicos de Atlanta ou em Oklahoma [ambos perpetrados por norte-americanos]", disse o perito, em declarações ao Huffington Post.
Seja quem for o culpado – ou os culpados –, o especialista não tem dúvidas de que as autoridades vão chegar à verdade: "Desde o 11 de Setembro, temos recomendado um foco na partilha de informação, por isso todas as partes envolvidas – o FBI, o Departamento de Justiça, a polícia local e outras – vão partilhar informação para descobrir quem fez isto. Quem quer que seja responsável por este acto de selvajaria vai acabar por ser apanhado."
Público, 17-4-2013

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