sexta-feira, 5 de abril de 2013

Defesa de Vara requer escutas a Sócrates

05/04/2013 - 00:00

Armando Vara é acusado de três crimes de tráfico de influência, suspeito de ter intercedido junto do então primeiro-ministro
A defesa de Armando Vara voltou a requerer, durante a sessão de ontem do julgamento do processo Face Oculta, no tribunal de Aveiro, o acesso a todas as escutas de conversas telefónicas efectuadas ao seu cliente, incluindo as que envolvem o ex-primeiro-ministro José Sócrates.
Tiago Rodrigues Bastos, advogado do antigo ministro Armando Vara que integrou o Governo de José Sócrates, referia-se às escutas mandadas destruir por ordem do presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Noronha Nascimento, por "não terem relevância criminal".
O requerimento foi apresentado durante o depoimento de Cardoso dos Reis, ex-presidente da CP, após este ter sido confrontado com as escutas de duas conversas telefónicas, realizadas em 2009, onde Armando Vara fala sobre a eventual exoneração do antigo responsável pela empresa ferroviária.
Durante aquela que foi a 145.ª sessão do julgamento, Cardoso dos Reis admitiu ter falado com Armando Vara sobre a sua iminente demissão na empresa ferroviária, mas negou ter pedido qualquer favor ao ex-ministro socialista.
Para o Ministério Público (MP), estas conversas provam a capacidade do ex-ministro e posteriormente administrador da Caixa Geral de Depósitos e do BCP para influenciar o processo de decisão junto de responsáveis governativos.
À saída da sala de audiências, Tiago Rodrigues Bastos explicou que pretende ter acesso a estas novas escutas para perceber o "tipo de contacto que o dr. Armando Vara teve com o engenheiro Sócrates" e retirar "esta carga da ideia de que houve algum tipo de influência".
Caso o tribunal não autorize o acesso a todo o material probatório que foi recolhido durante o inquérito, relativamente a Armando Vara, a defesa do ex-ministro do PS pede que seja determinada a nulidade do depoimento desta testemunha no que concerne à sua confrontação com os produtos ouvidos durante a sessão.
PÚBLICO/Lusa

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