quarta-feira, 3 de abril de 2013

Homem acusado de ter matado irmã sofre de "traços de personalidade paranóide"


Guilherme Páscoa, acusado de ter matado a irmã Ana Bívar, antiga subdiretora do Igespar, sofre de "alguns traços de personalidade paranóide", revelaram esta quarta-feira os médicos que fizeram o relatório psiquiátrico, no julgamento que decorre em Évora.
Os autores do relatório pericial psiquiátrico de Guilherme Páscoa foram ouvidos, através de videoconferência, na sessão desta quarta-feira do julgamento, em que as alegações finais ficaram marcadas para o dia 16 de abril e com o arguido sempre remetido ao silêncio.
O caso remonta a 30 de maio de 2012, em Évora, com Guilherme Páscoa a ser acusado de ter matado com um objeto cortante a irmã Ana Bívar, 51 anos, então subdiretora no Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico (Igespar) e mulher do deputado do PSD António Prôa, e de ter tentado assassinar uma outra irmã, Marta Páscoa, de 44 anos, após as ter atropelado, devido a questões relacionadas com partilhas e gestão de uma herança familiar.
Acusado de dois crimes de homicídio qualificado, um consumado e outro na forma tentada, e incorrendo na pena máxima de 25 anos de prisão, Guilherme Páscoa, de 42 anos, está em prisão preventiva na ala psiquiátrica do Hospital Prisional de Caxias e sujeito a medicação.
O relatório sobre a personalidade de Guilherme Páscoa constituiu um dos pontos principais da sessão, a terceira do julgamento, com os médicos a confirmarem "alguns traços de personalidade paranóide", além de Guilherme Páscoa sofrer de ansiedade e depressão, estando a ser medicado.
Entre as testemunhas arroladas pela defesa, foram também ouvidos esta quarta-feira um padre, que alegou o sigilo da confissão, uma educadora de infância, uma jurista (colega de Ana Bívar na Universidade Lusófona) e uma médica veterinária, que confirmou terem sido "envenenadas" duas éguas propriedade do arguido e que este terá responsabilizado as irmãs.
Nas primeiras três sessões do julgamento, além das circunstâncias em que foram praticados os crimes, têm-se destacado as diferentes versões sobre as relações familiares, sobretudo a "conflitualidade" entre irmãos (Guilherme Páscoa e três irmãs) e o relacionamento com a mãe, desde a morte do pai, em 2003, e a gestão de uma herança da avó materna.
No processo, constituíram-se como assistentes e apresentaram pedidos de indemnização cível o marido de Ana Bívar, o deputado do PSD António Prôa, e Marta Páscoa.
Figura do meio equestre, Guilherme Páscoa terá matado a irmã Ana Bívar com um golpe na jugular, quando esta se dirigia, acompanhada pela irmã Marta, para o seu veículo para regressar a Lisboa, onde morava.
O homem terá esfaqueado as duas irmãs após as ter atropelado, tendo Ana Bívar acabado por morrer no Hospital de Évora, enquanto Marta Páscoa sofreu ferimentos ligeiros e teve alta hospitalar horas depois.
Após os crimes, no Bairro do Granito, nos arredores de Évora e perto da casa de Marta Páscoa, o suspeito encetou fuga, mas entregou-se no dia seguinte num posto da GNR na zona de Alenquer, sua área de residência.
O atropelamento seguido de esfaqueamento ocorreu na rua Dr. César Baptista, no Bairro do Granito, na periferia da cidade, onde o suspeito esperou, alegadamente, cerca de três horas.
As autoridades não encontraram no local, na ocasião, a arma utilizada nos crimes, mas em tribunal tem sido avançada, sobretudo pelo Ministério Público, a possibilidade de se ter tratado de um x-ato.
Jornal de Notícias, 03-04-2013

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