domingo, 7 de julho de 2013

Passos Coelho: Paulo Portas será vice-primeiro-ministro e negociará com a troika e reforma do Estado

Passos Coelho confirmou que a proposta que entregou ao Presidente da República apresenta Paulo Portas como vice-primeiro-ministro, que ficará com a responsabilidade económica, ficando ainda com a missão de negociar com a troika, bem como com a reforma do Estado. Maria Luís Albuquerque será a ministra das Finanças. O Presidente da República terá de dar o seu aval, o que só deverá acontecer depois de ouvir todos os partidos políticos.

A informação foi dada pelo próprio primeiro-ministro, Passos Coelho, durante uma declaração sem direito a perguntas. Inicialmente foi noticiado que a declaração seria conjunta, mas Paulo Portas acabou por não falar, remetendo-se assim ao silêncio.

“A nossa obrigação enquanto líderes dos partidos que dão suporte ao Governo é assegurar a  estabilidade política. Chegámos a um acordo sólido e abrangente para superar esta situação”, o que “foi comunicado ao Presidente da República” na sexta-feira.

“O acordo reúne as condições políticas nacessárias para garantir estabilidade até ao final da legislatura”, que deverá agora apostar na “valorização da política económica” e de criação de emprego. “E tem consequências na composição do Governo” cuja aprovação está nas mãos do Presidente da República. “Trata-se de uma prorrogativa do Presidente da República” nomear os membros do Governo, mas “neste momento cabe-se apenas confirmar que propus o presidente do PP, Paulo Portas, para vice-primeiro-ministro, com responsabilidade económica” com as negocioações com a troika e posterior reforma do Estado.

Passos Coelho confirmou ainda que Maria Luís Albuquerque manter-se-á ministra das Finanças e haverá ainda “outras alterções com significado”, que o primeiro-ministro não revelou na conferência.

Os dois partidos “trabalharam arduamente para ultrapassar a situação actual de modo consistente e duradouro. Era isso que era exigível, num momento em que a crise da área do euro” ainda impera.

“Os portugueses não iriam compreender se não tivessemos feito todos os esforços” ao nosso alcance para resolver esta crise.
“Uma coligação é um compromisso permanente” e “hoje queremos reforçar” esse compromisso.
“Queremos iniciar um novo ciclo da vida nacional, que, desejamos que coincida com a viragem económica”, salientou.

Passos Coelho sublinhou que os dois partidos conseguiram chegar a um acordo que permitirá uma “solução governativa estável”.

O primeiro-ministro salientou que nos últimos anos foram tomadas medidas que implicaram “muitos sacrifícios aos portugueses”, contudo a política seguida “tem sido o alicerce da recuperação da confiança externa” do país. “Queremos fechar o programa de assistência no prazo” definido, que é em 2014, “sem hesitações.”

Passos Coelho recordou que não foi este Executivo que colocou o país na situação financeira frágil, mas “reforçamos o firme propósito” de implementar as medidas para recuperar o país.

O primeiro-ministro diz querer dar uma “recompensa aos sacrifícios” dos portugueses, rejeitando desperdiçar “os esforços” que já foram feitos, rejeitando ir por um caminho que obrigasse a “sacrifÍcios maiores.”

“Queremos reforçar os sinais positivos que a economia começa a demonstrar e queremos acelerar a retoma do crescimento”, acrescentou.

O acordo alcançado entre os dois partidos que compõem o Governo “garantirá a estabilidade política até ao final da legislatura” e foi isso que foi assegurado ao Presidente da República, garantiu Passos Coelho.

Paulo Portas apresentou a sua demissão na última terça-feira, tendo aberto uma crise política. Passos Coelho aceitou a sua demissão e afirmou que ia iniciar conversações com o líder do CDS. Na quinta-feira, Passos Coelho esteve reunido com o Presidente da República, tendo na altura feito uma declaração aos jornalistas, revelando que se comprometeu a encontrar uma solução que garantisse a estabilidade governativa juntamente com Paulo Portas.

Vário orgãos de comunicação avançaram ainda na quinta-feira que Cavaco Silva tinha exigido a permanência do lídero do CDS no Governo, de forma a garantir uma solução de Governo “sólida”. A Presidência da República esclareceu ainda na sexta-feira que não foram exigidos quaisquer nomes.

Na sexta-feira ao final do dia, Passos Coelho voltou a reunir-se com Cavaco Silva, tendo saído sem declarações.

Este sábado, os responsáveis do PSD e CDS reuniram-se tendo no final Passos Coelho feito a declaração ao país. Ao lado estava Paulo Portas, que não prestou qualquer declaração

(Notícia actualizada às 20h20 com mais declarações)

Jornal de Negócios, 7 de Julho de 2013

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