quinta-feira, 14 de março de 2013

Leonor Cipriano conhece hoje decisão do Tribunal


por Lusa, publicado por Luís Manuel Cabral
Leonor Cipriano, que cumpre uma pena de 16 anos de prisão pelo homicídio da filha Joana, conhece hoje a decisão do Tribunal de Faro no processo em que é acusada de prestar falsas declarações.
A mãe da menina, desaparecida na aldeia da Figueira, em Portimão, a 12 de Setembro de 2004, apresentou diferentes versões sobre as alegadas agressões de que foi vítima nas instalações da Polícia Judiciária de Faro, naquele mesmo ano.
As declarações contraditórias foram proferidas durante o julgamento, em 2009, dos inspectores da PJ que investigaram o "caso Joana", alguns atualmente já ex-agentes.
No acórdão, o coletivo de juízes considerou "flagrantes e relevantes as contradições em que incorreu" Leonor Cipriano nas declarações que produziu nas sessões do julgamento, embora tivesse tido a "oportunidade de revelar a verdade".
"Leonor Cipriano mentiu quanto à forma como lhe bateram, quanto à identificação das pessoas que lhe bateram, quanto ao tempo e ao modo como revelou que lhe tinham batido, enfim, mentiu em todos os aspectos essenciais das declarações que prestou", sublinhava o acórdão.
A decisão deu como provadas as agressões, embora sem que se tenha apurado a identidade dos agressores e determinou a condenação de dois dos cinco arguidos no processo.
Gonçalo Amaral, ex-coordenador do Departamento de Investigação Criminal da PJ de Portimão, foi absolvido do crime de omissão de denúncia e condenado a um ano e meio pelo crime de falsidade de depoimento, com pena suspensa por igual período.
O inspetor António Nunes Cardoso foi condenado a dois anos e três meses por falsificação de documento, com pena suspensa por dois anos.
Os ex-agentes da PJ Paulo Pereira Cristovão e Leonel Morgado Marques e Paulo Marques Bom, que estavam acusados de ter torturado Leonor Cipriano nos interrogatórios realizados na PJ de Faro, foram absolvidos.
Leonor Cipriano e o irmão, João Cipriano, foram condenados pelo Supremo Tribunal de Justiça a 16 anos de prisão cada um, pelos crimes de homicídio e ocultação do cadáver de Joana.
Diário de Noticias, 14-03-2013

MAIS DE CINCO MORTES POR DIA


Somos o 3.º país da Europa onde suicídio mais cresceu
por Lusa, publicado por Ricardo Simões Ferreira
Portugal é o terceiro país da Europa onde o suicídio mais cresceu nos últimos 15 anos, estimando-se que morram mais de cinco pessoas por dia, revela um relatório europeu que é hoje apresentado.
Os dados constam do projeto OSPI-Europe, uma estratégia de prevenção do suicídio preconizada pela Aliança Europeia Contra a Depressão (EAAD), organizada em quatro níveis de intervenção.
Segundo o mesmo documento, estima-se que cerca de 20 milhões de europeus sofrem de depressão e mais de 60 mil morrem anualmente por suicídio.
Em Portugal, as doenças mentais comuns afetam quase 23% dos portugueses adultos (mais de dois milhões por ano) e a depressão afeta 7,9% dos adultos (400 mil pessoas), sendo o suicídio uma complicação médica resultante destas perturbações mentais, em particular da depressão.
Em Portugal morrem por ano cerca de duas mil pessoas por suicídio, sendo mais de mil registadas como suicídio e outras tantas como mortes violentas indeterminadas, estimando-se que mais de 75% destas sejam suicídios escondidos.
Nos últimos 15 anos registou-se uma tendência para o aumento do suicídio no país.
Na Europa, além de Portugal, este fenómeno de aumento só se verifica em Malta, na Islândia e na Polónia.
O suicídio de cada português tem um custo "muito elevado, considerando custos diretos, indiretos e custos humanos intangíveis". Estes últimos correspondem a 85% do custo, pelo que 300 mil euros dizem respeito a custos diretos e indiretos.
Para fazer face a esta realidade, o EEAD desenvolveu um modelo (OSPI-Europe), testado e documentado, "com evidência científica" de redução de suicídio nas regiões onde foi aplicado.
O modelo de quatro níveis caracteriza-se por uma intervenção comunitária que tem como alvo os cuidados de saúde primários, a população em geral, os recursos comunitários locais (como padres, professores, polícia ou media) e serviços e cuidados específicos (como os grupos de auto-ajuda).
O elemento principal deste projeto é a transmissão de conhecimento, através de sessões de formação, e tem como finalidade apresentar recomendações aos decisores políticos de saúde, de forma a que adotem medidas de prevenção do suicídio com base científica.
Esta estratégia foi aplicada na Alemanha, na Hungria, na Irlanda e em Portugal, com o objetivo de se obter a sua validação científica.
Em Portugal, a projeto-piloto foi no concelho da Amadora e a 'região controlo' foi o concelho de Almada, tendo sido formados profissionais de saúde, assistentes sociais, polícias, padres, farmacêuticos e professores.
Em termos de resultados, as taxas de tentativa de suicídio diminuíram, dois anos depois do início do projeto, de 150 para 115 por 100 mil (menos 23,3%) na Amadora. Já em Almada verificou-se um aumento de 122 para 138 por 100 mil (mais 13,1%).
"Em números absolutos, foi observada uma redução de 18,05% na Amadora em relação a Almada", refere o documento.
A EEAD pretende que a estratégia nacional de prevenção do suicídio consiga reduzir a taxa de suicídio em 15% até 2017 e que o suicídio passe a ser encarado como uma complicação médica, que pode ser prevenida, acabando com o estigma associado a este tipo de morte e à depressão.
O estudo OSPI-Europe - "Otimização de Programas de Prevenção do Suicídio e sua Implementação na Europa", financiado pelo 7.º Programa-Quadro de Investigação e Desenvolvimento da Comissão Europeia, teve inicio em Outubro de 2008 e termina no dia 30 de Março.
Diário de Noticias, 14-03-2013

Conselho Superior do Ministério Público decide cargo de Cândida Almeida na terça-feira


LUSA 
A colocação da procuradora-geral adjunta Cândida Almeida, ex-directora do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), será decidida na próxima reunião do Conselho Superior do Ministério Público, agendada para terça-feira.
Cândida Almeida exerceu, até 08 de Março, as funções de directora do DCIAP, tendo sido substituída no cargo pelo procurador-geral adjunto Amadeu Guerra, empossado, na passada segunda-feira, para um mandato de três anos.
Durante 12 anos, Cândida Almeida, a primeira magistrada do Ministério Público, dirigiu o órgão da dependência da Procuradoria-Geral da República que investiga processos de criminalidade organizada e complexa, especialmente os crimes económico-financeiros, violentos e de corrupção.
A procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, entendeu não prorrogar a comissão de serviço de Cândida Almeida, no DCIAP, tendo aberto averiguações sobre supostos casos de violação do segredo de justiça, neste organismo.
Público, 14-03-2013

Arábia Saudita ignora protestos e executa sete condenados por roubo


O rei Abdullah assinou os decretos com a ordem de execução 
A Arábia Saudita executou, por pelotão de fuzilamento, sete homens que tinham sido condenados à pena capital por roubo à mão armada. Riad ignorou os apelos à clemência feitos por grupos de defesa dos direitos humanos e investigadores das Nações Unidas, que denunciaram um processo injusto, em que os arguidos, alguns ainda menores à data dos crimes, foram sujeitos a tortura e não tiveram direito a defesa.
“Os sete homens, considerados culpados de vários ataques à mão armada, foram executados quarta-feira em Abha”, noticiou a agência oficial SPA, referindo-se a uma das principais cidades no empobrecido Sul do próspero reino saudita. O despacho fala numa execução pública para que os condenados “sirvam de exemplo” e uma testemunha contactada pela AFP contou que os homens, com idades compreendidas entre os 20 e os 24 anos, “foram fuzilados numa praça pública da cidade, na presença de sauditas e estrangeiros reunidos para a ocasião”.
Os sete condenados faziam parte de um grupo de 23 homens presos em 2006 por roubos a joalharias ocorridos nos dois anos anteriores. A Amnistia Internacional avisou, no entanto, que os detidos “foram torturados para confessarem”. “Seria chocante que as autoridades sauditas realizassem estas execuções”, acrescentou a Human Rights Watch (HRW) num comunicado divulgado nos últimos dias, sublinhando que “é mais do que tempo de [as autoridades] sauditas pararem de executar pessoas que cometeram crimes quando eram menores”.
Denúncias feitas na primeira pessoa por um dos arguidos que, no início da semana passada, conseguiu falar com um jornalista da AP através de um telemóvel enviado clandestinamente para a prisão de Abha. “Eu não matei ninguém. Não tinha sequer armas quando roubámos a loja, mas a polícia torturou-me, bateu-me e ameaçou espancar a minha mãe para me obrigar a confessar que tinha uma arma”, disse Nasser al-Qahtani à agência norte-americana. “Eu só tinha 15 anos. Não mereço morrer”, lamentou-se o saudita, acrescentando que a maioria dos membros do gang era como ele, menor.
No início do mês, o rei Abdullah assinou o decreto autorizando as execuções, que estiveram agendadas para o dia 5 de Março mas que acabaram por ser adiadas por alguns dias, criando expectativas de que as autoridades poderiam dar ouvidos à pressão internacional. Ainda na terça-feira, três investigadores de Direitos Humanos da ONU tinham pedido a Riade que adiasse a execução, por considerarem que o julgamento violara as mais básicas normas internacionais de justiça. Qahtani contou à AP que, nos seis anos em que esteve detido, foi levado três vezes a tribunal e que em nenhuma delas o juiz lhe atribuiu um advogado ou deu ouvidos às suas queixas: “Mostrámos-lhe as marcas de tortura e de espancamento, mas ele não nos ouviu.”
“As acusações contra estas sete pessoas terão sido fabricadas e os sete foram condenados em julgamentos injustos”, afirmaram os peritos da ONU num comunicado em que pedem clemência às autoridades. Ali Al-Ahmed, director do Instituto para os Assuntos do Golfo e um crítico de Riad, acusou também as autoridades de usarem os sete homens como um exemplo para a população do Sul, “uma região fortemente marginalizada pela monarquia, que vê a sua população como cidadãos de segunda classe”.
Mas o ultraconservador reino saudita, onde a pena de morte é aplicada para crimes de assalto à mão armada, violação, homicídio, apostasia ou tráfico de drogas, ignorou os apelos. Só que, ao contrário do previsto, os sete homens não foram mortos por decapitação – uma prática que a Arábia Saudita anunciou nesta semana que pretende abandonar, não por a considerar desumana, mas devido à “penúria de carrascos capazes de manejar o sabre”, escreveu a AFP.
O recurso a pelotões de execução está ainda a ser analisado pelo Governo, mas os governadores das províncias foram já informados de que poderão usar este método que “não é contrário à sharia”, a lei islâmica que o país aplica de forma extremamente estrita. Em 2012, 76 pessoas foram decapitadas na Arábia Saudita, segundo um cálculo da AFP com base em informações do Ministerio do Interior. Segundo a Amnistia Internacional, quase um terço estava acusado de tráfico de droga.

Público, 14-03-2013

MP pede absolvição de activista acusada por desobediência qualificada


A procuradora do caso de Myriam Zaluar, activista acusada de desobediência, pediu, nesta quarta-feira durante o julgamento do caso no Tribunal de Pequena Instância Criminal de Lisboa, a absolvição da arguida, visto que “não parece que haja qualquer acto criminal na sua conduta”.
Em causa está a acção de protesto feita por oito pessoas, a 6 de Março de 2012, junto ao Centro de Emprego e Formação Profissional, de Conde Redondo. O grupo estaria a entregar panfletos do Movimento Sem Emprego (MSE) e pretendia fazer uma inscrição colectiva simbólica no centro de emprego, como forma de demonstrar que há mais desempregados para além dos que constam nos dados oficiais. Myriam Zaluar, jornalista e agora ex-activista do grupo MSE, foi a única pessoa do grupo identificada pela PSP no local, tendo-lhe sido imputado o crime de desobediência qualificada por ter "convocado uma manifestação sem autorização".
Durante o julgamento, a procuradora defendeu a absolvição de Myriam Zaluar, dizendo que "não se verificou uma verdadeira manifestação, mas sim um exercício dos direitos democráticos", frisando não ser necessário o pedido de autorização e que nem o funcionamento normal do trânsito e da instituição, nem a ordem pública foram postos em causa. “Foram sete ou oito pessoas que se reuniram, todas elas a excercer o seu direito de expressão”, afirmou a procuradora, que evocou o artigo 1º do decreto-lei de Agosto de 1974 e o artigo 45º da Constituição (ambos garantem aos cidadãos o direito de se reunirem em locais públicos, de forma pacífica, sem necessidade de autorização, desde que não se verifique uma quebra da lei, moral ou da ordem e tranquilidade públicas).
A procuradora considerou ainda que, perante a situação actual do país e os números referentes ao desemprego, Myriam Zaluar estava a "exercer o direito de informar". “Todas as reivindicações, desde que correctas, deverão ter lugar”, concluiu a procuradora, apelando à juíza encarregue do caso que absolvesse a arguida.
César Baptista, agente da PSP que identificou a arguida, foi chamado a depor enquanto testemunha de acusação. Durante o julgamento, o agente salientou que o grupo envolvido foi “ordeiro e silencioso, sem palavras de ordem” e que teve uma “atitude exemplar e não faltou ao respeito”.
O advogado de Myriam Zaluar, João Araújo, afirmou durante as suas alegações que “a única coisa que distinguia o grupo das outras pessoas que passavam era estarem a distribuir panfletos”. “Afinal de contas, isto é um equívoco, ou, se preferirem, um abuso institucional,” concluiu o advogado, dirigindo-se à juíza e procuradora, relativamente a um caso que considera ser desnecessário.
Já depois do julgamento, Myriam Zaluar afirmou, quanto à acção levada a cabo pelo grupo, "não se tratava de uma manifestação": "E foi isso que respondi ao agente quando ele me abordou", explicou a jornalista, acrescentando que se tratou de "um acto simbólico e nada mais do que isso". A arguida considerou as declarações da procuradora "extraordinárias" e revelou que, antes do julgamento, não tinha conhecimento das normas que esta citou. "Abre uma nova janela, sobretudo neste momento em que quase todos os dias há actos de protesto", disse Myriam relativamente aos contornos dos decretos citados pela procuradora.
A jornalista mostrou-se indignada pela celeridade deste processo, considerando-o um exemplo dos casos "que entopem os tribunais". "Em relação a um caso que é anedótico e que não devia valer cinco minutos do nosso tempo (...) as coisas correram com uma celeridade impressionante", disse, já depois do julgamento. "Premente sim é tratar do desemprego, é fazer-se justiça mas justiça a sério, que seja igual para todos, e em que os verdadeiros criminosos sejam julgados", afirmou Myriam Zaluar.
A sentença deste caso será lida a 5 de Abril, às 15h30.
Público, 14-03-2013

Mais de 1.500 presos em excesso nas cadeias no final de 2012


LUSA 
Para além da sobrelotação dos estabelecimentos prisionais, os dados da Direção-Geral de Reinserção e Serviço Prisionais indicam um aumento do número de reclusos que suicidaram e o número de reclusos evadidos.
O número de reclusos nas cadeias portuguesas no final do ano passado era de 13.614, ultrapassando em 1.537 lugares a lotação máxima, segundo estatísticas da Direcção-Geral de Reinserção e Serviço Prisionais (DGRSP), atingindo uma taxa de sobrelotação de cerca de 11%.
Os dados mostram que entre os estabelecimentos prisionais com maior sobrelotação estão as cadeias centrais de Lisboa, Porto e Santa Cruz do Bispo e as prisões regionais de Beja, Faro, Montijo, Viana do Castelo e Setúbal.
As estatísticas de 2012 adiantam que o Estabelecimento Prisional (EP) de Lisboa tinha lotação para 887 lugares, mas já albergava 1.294, enquanto o EP regional de Setúbal tinha capacidade para 131 reclusos e acolhia 319 e o de Faro albergava 206, quando a lotação era de 103.
Em contrapartida, entre as cadeias que no final do ano passado não tinham ultrapassado a sua lotação estavam os EP centrais da Carregueira (lotação 732, ocupação 665) e Funchal (349 lugares disponíveis para 277 detidos), a cadeia feminina de Tires (633 vagas para 544 detidas) e a cadeia especial de Leiria, com 231 presos para uma lotação de 347 lugares.
Segundo a DGRSP, o número de reclusos nas cadeias aumentou 7,3% em 31 de Dezembro de 2012 relativamente à mesma data do ano anterior, quando a população reclusa se situava nos 12.681.
Entre os 13.614 reclusos, a DGRSP contabiliza 136 pessoas que estão internadas em instituições psiquiátricas não prisionais.
A maioria dos reclusos são homens (12.856) e havia 758 mulheres detidas. Quase 20% dos reclusos nas cadeias portuguesas são estrangeiros, totalizando 2.602 (2.427 homens e 175 mulheres), presos em Portugal sobretudo por crimes ligados ao tráfico de droga, roubo e homicídio.
De acordo com as estatísticas, dos 13.614 presos, 10.953 são reclusos condenados, sendo a maioria por crimes contra o património (roubo e furto), crimes contra as pessoas (incluindo homicídios e agressões) e tráfico de droga. A maioria da população reclusa tem uma faixa etária situada entre os 30 e os 39 anos, havendo 409 que não sabem ler nem escrever e 91 com um curso superior.
Os dados da DGRSP indicam também que, em 2012, o número de suicídios nas cadeias portuguesas duplicou para 16 suicidios, comparativamente aos oito registados em 2011.
Também no ano passado, por causas várias, morreram nos estabelecimentos prisionais portugueses 66 reclusos, mais dois do que em 2011. A doença foi a causa de morte que mais reclusos vitimou, num total de 50 mortes.Ao contrário de 2011, no ano passado não se registou qualquer homicídio nas cadeias.
Relativamente aos presos evadidos, o número, em 2012, mais do que duplicou em relação ao ano anterior, passando de nove para 23.  Os 23 reclusos evadidos em 2012 correspondem a 14 situações de evasão, sendo que dois deles se encontravam em Regime Aberto Voltado para o Interior (RAVI).
A maioria dos reclusos (17) que fugiu da prisão estava encarcerado, enquanto os outros quatro se encontravam em regime “exterior sem vigilância”.
Público, 14-03-2013